quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O bomba Antónia



Está na berra, e é sexy... não; não é a Charlize Theron é a energia nuclear... mister Patrick de Barros, depois de introduzir em Portugal a famosa refinaria no meio da costa Alentejana ( e a Tróia do Mirinho, e os "condoms" jet-setticos !?!!??!?) volta à carga rodeado dos expertos nacionais (leia-se os Engenheiros, e a sua reguladora ordem) no congresso que defende a introdução em Portugal da tecnologia de fusão nuclear para a produção de energia eléctrica.

A ideia é gira e tem pinta... polui menos... e fica a luz mais barata... todos felizes e da vida. As empresas pulam de contentes, Socrátes e sus muchacos têm inauguração à espera, e teremos alguma coisa high-tech que não seja os telemóveis...

No entanto, alguém deveria explicar aos senhores Engenheiros e ao Fura-Quioto ( o tal Patrick da Barros) que o problema português não é de todo o da energia cara; pelo menos a eléctrica... é que Portugal gasta somente 20% da energia consumida na forma eléctrica, sendo a parte de leão gasta nos transportes e mobilidades, resultado de um desinvestimento económico, social e intelectual em soluções de transporte menos individualizadas e energéticamente mais eficientes. Mas o que é que estavamos à espera... Lembram-se do Cavaquismo e da sua democracia de sucesso e do follow-up Guterrista... ganhamos estradas e mais estradas... abandonamos comboios, subsidiamos portagens e parkings e temos o feliz score de um aumento de consumo energético de 6% ao ano desde 1987 com uma média de crescimento económico no mesmo periodo de 1,2%. Olhemos para a China, em que 10% de aumento do consumo de energia traduzem-se em 8.6% crescimento económico.

A juntar a isto, deixem-me contar a minha experiência pessoal, pois enquanto estudante visitei a unica instalação nuclear (de monta...) de Portugal, falo do laboratório Nuclear de Sacavém ( essa bela localidade....) que acumula desde 1968 um conjunto de detritos assustador para a saúde pública que nem os mais que provavéis monstros do Trancão ousariam nadar ao pé.
Acresce que o problema do Nuclear não é o conceito, mas sempre a implementação : em Three Mile Island foi uma válvula e 140 alarmes em simultâneo para 2 homens; Chernobyl adicionou uma nova fórmula para o desastre: a Manutenção.
Por cá, basta perguntar às vítimas do acidente de Entre-os-Rios o quanto somos bons na manutenção...