sábado, maio 06, 2006

O que ai vem...

Tenho por estes dias tão conturbados estado ausente de aqui escrever o que quer que seja, pois as notícias das futuras alterações às regras dos regimes de reforma e aposentação têm saído a um ritmo tão avassalador que ainda não digeri totalmente as suas implicações.
Vamos assim por partes: segundo o actual primeiro ministro existem 4 males que ameçam fazir implodir por dentro a segurança social:

1. a falta de "parição" em geral dos casais portugueses ( que releva o problema de uma situação de escolha pessoal e de opções de vida para o domínio do "handicap" social e para a (o)pressão de uma opção "fecunda"). Sendo a questão ainda mais discabida se pensarmos no que os aumentos de produtividade fizeram no tecido produtivo: mais produção equivale sempre a reorganização dos métodos de trabalho e menos trabalhadores, logo haverá menos empregos para a enchente de putos que o Governo pretende "inseminar" com as bonificações as familias grandes.

2. o aumento da esperança de vida ( que assume assim em Portugal e pela primeira vez fora das empresas de seguros de saúde, uma conotação negativa; no limite quase reacionária !) Ironicamente este é um argumento dois-em-um: por um lado os velhinhos duram mais tempo passeando com a reforma, por outro, quando não passeiam andam nos hospitais a "papar" mais dinheiro sendo mantidos em animação suspensa por um serviço de saúde cada vez mais caro e a precisar assim de uma reforma.

3. o aumento das reformas milionárias ( que parece-me exceptuando as dos políticos, que serão obtidas em condições excepcionais e até agora intocavéis pelos próprios, proveêm de descontos proporcionais as mesmas de acordo com regras definidas sem qualquer tipo de limite).

4. a conjuntura (outro conceito extraórdinário, tendo em conta que para a resolução de uma situação económica por definição transitória, se preconiza desde já alterações radicais e permanentes nos esquemas de definição da reforma). Alías com a mudança do centros económicos do Ocidente para a "ChIndia" todo o modelo civilizacional pós-revolução Francesa está em questão. Assim, e pela primeira vez em toda a Europa civilizada se vende pelos Governos a necessidade de descer os "standards" em nome de uma competitividade que as armas e os tratados internacionais feitos pelos ocidentais sedentários e hedionístas não foram capazes de assegurar com os probrezinhos e empenhados trabalhadores asiáticos.

Do impacto nos futuros pensionistas, nem das suas espectativas da altura da reforma me irei aprofundar. Elas são por demais conhecidas e reforçadas pelos receios, dúvidas e ansiedades que se sentem diariamente por todos. Também o pessoal da minha geração (+30 e -40) tem razões para ir alimentando um plano de vida alternativo. Porque antes de mais o que estas alterações perconizam é a constante mutabilidade das regras do jogo consoante as necessidades de um dos jogadores ( neste caso o Estado ). E perante um cenário de maior aperto é mais do que óbvio que as regras do jogo, voltarão a ser mexidas.
A desconfiança no sistema que depende da solidariedade dos que presentemente pagam para os que presentemente recebem está instalada irremediavelmente.